Atualmente fala-se muito de descentralização, começando pelos líderes dos partidos e acabando nos autarcas.
Mas afinal o que se pretende com a descentralização?
Vamos ver, olhemos para a questão dos organismos que muitos
propõem mudar para outras cidades…
Tudo bem, mas isso é descentralização? Quem passa a
ser responsável pelo organismo que muda de cidade? Não serão as instituições as
mesmas? Vai haver alteração à orgânica do estado?
A resposta a tudo isto é não.
Ou seja, vamos ter muita gente contente, o presidente
da Câmara do Porto, os líderes partidários, muitas bandeiras, foguetes e
inaugurações … e tudo fica na mesma.
Descentralizar …
… é passar competências que estão na organização
central do estado e entregá-las às autarquias, não é passar sedes de
organizações que devem ser centrais para outras regiões e continuar tudo na
mesma;
… é, por exemplo, passar as competências das lojas do
cidadão para as autarquias, qual a razão para haver tantos escritórios
regionais (centralizados) quando temos as câmaras municipais que podem fazer o
mesmo trabalho?
Mas para que tudo isso aconteça é preciso reorganizar
o estado, mais de 300 câmaras municipais e mais de 3.000 freguesias não fazem
sentido num país com a nossa dimensão.
Se não for mudada a mentalidade existente que não
pensa para além do que já existe nada vai ser alterado no quadro do centralismo
português.
Concordo com a regionalização, mas se mais nada mudar
será apenas mais um nível de autarquias que é criado e na realidade estamos a
começar a casa pelo telhado.
Transformemos Portugal num país mais dinâmico, como
menos burocracia. Algumas ideias para uma verdadeira reforma do estado e
respetiva descentralização:
1.
Alterar a estrutura de municípios –
Fazer um estudo para ver quais devem ser divididos por serem grandes demais e
quais se devem juntar por serem pequenos demais;
2.
Analisar bem as juntas de freguesia
e ver até que ponto não são apenas delegações das camaras municipais;
3.
Passar as atribuições das lojas do
cidadão para os municípios;
4.
Criar as regiões na base do estudo
feito.
Em resumo, uma organização em que em vez de câmaras
municipais e juntas de freguesia passe a haver regiões, bem mais abrangentes
que as câmaras municipais atuais e municípios mais pequenos que tenham
competências que sirvam mais de perto e melhor as populações.
Estas ideias são uma base para o que acho deveria ser
a verdadeira discussão sobre a descentralização, porque acho que o primeiro
passo para que o nosso país possa ser mais equilibrado entre o interior quase
deserto e o litoral passa por uma verdadeira revolução (ou reforma, chamem o
que quiserem) na orgânica do estado.
É difícil fazer, sim, todas as revoluções são
difíceis, mas se não se fizer vamos continuar a falar de descentralização
durante muitos anos.
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